Que os rios, o tempo, a vida seguem seu fluxo inexoravelmente;
Passando, cantando, chorando, sorrindo, correndo, caindo...
Que com a força das quedas d'água as cascatas invadem a correnteza
caindo, lavando, levando, limpando, descendo; levantando...
Que as rochas são sempre duras, mas também exibem beleza
levantando, formando, figurando, protegendo, sustendo,
Que a relação entre os biomas é intrínsecamente sistemática,
límpida, poderosa, misteriosa, divina, em perfeita sintonia!
Sustendo, acarinhando, gemendo, rasgando, comendo, bebendo...
Que o lindo sol corteja a água enche-lhe de brilhantes...
O vento canta para encantar as nuvens que toda vaidosa muda sua vestimenta a todo instante...
A mata bebe o rio. O rio afoga desejos. O ventre fértil do solo cobre a semente. As pedras exibem esculpidos nomes dos amantes...
E eu...
Pelas folhagens vejo imagens...
Despertando em mim lampejos daquele amor primevo;
Algo me invade...
O som da floresta tamborila em meu peito um eco de saudade...
Rendo-me às cachoeiras, mas ainda vergo-me àquela imagem..
Ela se fora! Foi apenas uma silhueta sem eira nem beira,
de um sonho, de um vestígio, de um delírio...
Embora de rara beleza!
Semelhante a exuberante natureza que me inspira, me ensina e me alucina...
